segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Economia brasileira no ano de 2013 decepcionou investidores

Principal tarefa para a política econômica em 2014 é recuperar credibilidade.
A inflação apertou o orçamento das famílias, já endividadas como nunca.

O comportamento da economia brasileira no ano que está terminando decepcionou investidores e grande número de analistas. A principal tarefa para a política econômica em 2014 é recuperar a credibilidade.
O Brasil levou décadas para conquistar a confiança de investidores e agências de risco. Isso nos colocou na capa da revista de economia mais influente do mundo, a The Economist, em 2009. O Brasil decolava, um retrato do país que durou anos, até 2013.
“O governo iniciou o ano com uma manobra contábil, vamos dizer assim, nas contas publicas, reduzindo a transparência da execução da política fiscal, e isso ao longo do tempo foi minando a credibilidade da política fiscal”, explica Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central.
A manobra foi reduzir o tamanho da poupança do Governo Federal para pagar juros da dívida. Era 3,1% do PIB, mas passou para menos. A chamada "contabilidade criativa", expressão mais repetida entre economistas em 2013, ajudou a derrubar o valor dos nossos ativos.

“Os títulos públicos tiveram uma perda superior a R$ 200 bilhões. Os preços das ações na bolsa caíram 60, 70 bilhões de reais, aqueles contratos que você vê lá fora, que medem o risco do país. Para você ver, um ano atrás, o nosso risco era bem parecido com o do México. Hoje o nosso risco é muito superior ao risco do México”, diz Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central.
Enquanto a imprensa internacional colocava em cheque a estabilidade do Brasil, até então menina dos olhos dos investidores, os cadernos brasileiros de economia noticiavam a disparada do dólar, contida ao custo de uma atuação pesada do Banco Central no mercado de câmbio. Inflação e mudança na política monetária, que voltou a apertar a atividade com alta de juros. Depois de anos de tranquilidade, 2013 veio apresentar a conta.

A inflação apertou o orçamento das famílias, já endividadas como nunca. Em abril, a culpa era do tomate. A fruta tinha subido quase 150% no acumulado de 12 meses. Virou o símbolo da alta de preços puxada pelos alimentos.
A projeção para o IPCA do ano ultrapassava a meta do governo quando o comitê de política monetária começou a subir os juros. De abril a novembro, a Selic saltou de 7,25% para 10% ao ano.

“Aparentemente o Banco Central recuperou sua autonomia, sua iniciativa. Porque a inflação começava a causar danos políticos irreversíveis para o governo”, diz Gustavo.

Em junho, o reajuste das tarifas de ônibus colocou fogo na discussão. Na virada do semestre, o dólar disparava. Nem o ministro da Fazenda arriscava onde a moeda americana poderia parar,
Já no fim do ano vieram algumas boas notícias. O Banco Central dos Estados Unidos anunciou um corte gradual da política de incentivo à economia americana. Isso afastou do horizonte de 2014 a chamada "tempestade perfeita", a combinação de uma fuga de investimentos e de uma possível perda do grau de investimento, aquele que levamos tanto tempo para conquistar.
Além disso, o governo cedeu importantes rodovias e aeroportos à iniciativa privada. “Isso é fundamental, porque o Brasil tem uma carência de infra-estrutura. E é a pobre infra-estrutura do Brasil, as dificuldades de infra-estrutura são parte do custo Brasil, que impede nossa economia de ser mais competitiva internacionalmente”, garante o ex-presidente do Banco Central.

Não que o risco ainda não exista, mas evitar parece só trabalho nosso. “Se tem uma lição importante esse ano é que não é difícil. Nós precisamos agora gerar alguma confiança para que o Brasil volte a ter um ambiente de mais estabilidade”, diz Luiz Fernando Figueiredo.

Fonte:http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/12/economia-brasileira-no-ano-de-2013-decepcionou-investidores-e-analistas.html

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